Presidente-Fundador do CAU RJ

sábado, 22 de agosto de 2020

AUTÓDROMO de DEODORO/RJ: corrida à vista! Grande "Circo" da Fórmula 1

 AUTÓDROMO de DEODORO/RJ: corrida à vista!

Grande "Circo" da Fórmula 1

Por Leila Marques

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E foi dada a largada para mais uma corrida, rumo ao GRAND PRIX F-1: "QUEREM ACABAR COM O MEU RIO".

Na volta de apresentação, eu começo pelo piloto 'pole position': o Presidente da república das bananas, ainda sem escuderia, que, depois de um ano inteiro de depoimentos desastrosos, nomeações antagônicas às necessidades de vários cargos técnicos, vexames internacionais, demonstrações claras de desprezo pela vida humana, foi pego no exame antidoping pelo uso indiscriminado de cloroquina, e, portanto, cumpre agora um recesso de aparições lacrativas nas mídias, coincidentemente diante do intrigante caso QUEIROZ. Nosso protagonista, quando não está comandando a Pátria Amada, tem domicílio na Barra da Tijuca do Rio de Janeiro, onde tem um grande curral de seguidores (alguns dos quais tentando passar a boiada numa das várias aberturas de porteiras), mas, seu projeto que concorre mesmo ao Grande Prêmio F-1 do Rio de Janeiro, é uma proposta que flexibiliza os parâmetros da Estação Ecológica (Esec) de Tamoios, na Baía da Ilha Grande, para alavancar o ecoturismo na região, transformando uma rica reserva ambiental naquilo que seu clã vem chamando de "Cancún brasileira".

Não fosse suficientemente cafona querer copiar aquilo que, originalmente, já é uma cópia sem-vergonha do sonho americano de consumo e status, o projeto, que vem sendo amplamente defendido pelo senador, filho, do "Piloto Pole Position", é um crime ecológico num ecossistema que mal suporta a construção de um píer, como vem tentando aprovar, o maior resort da região.

Na segunda posição do grid de largada, parceiro do piloto Presidente 'Pole Position', o Prefeito pastor, que tem promovido audiências públicas estilo 'pit stop', e ainda tenta, apesar dos protestos populares, nos entuchar neste Grande Prêmio, seu "PL do Puxadinho"; assunto que já me rendeu um artigo detalhado há alguns dias no Facebook e na revista Forum. Portanto, não vou esticar mais comentários desse concorrente por aqui. Apenas afirmo que é um forte candidato nesta etapa da corrida brasileira, e busca o prémio na categoria "desplanejamento urbano".

E agora, correndo por fora, temos o zebrão da F-1 do descalabro. Trata-se de um projeto do Estado do Rio de Janeiro, logo, imputemos ao nosso digníssimo Governador WW (que não é nem Wolksvagen), o crédito do projeto de construção do autódromo dessa corrida distópica, num lugar que parece ter sido escolhido a dedo (podre) para empobrecer mais as reservas pulmonares da nossa cidade: A Floresta do Camboatá, em Deodoro, subúrbio da cidade do Rio.

Na verdade, a ideia da construção deste empreendimento dentro da Floresta do Camboatá já vem se desenrolando, pelo menos, desde 2011, de acordo com os membros do Movimento SOS Floresta do Camboatá, organização que foi criada justamente naquele ano, em reação aos primeiros sinais de tomada do espaço pelos nossos "pilotos do apocalipse".

Mas vamos ser justos. O Governador WW não poderá levar o crédito todo sozinho se, nessa corrida maluca, esse projeto for o vencedor. O piloto Governador WW terá que dividir a taça e o champanhe com o piloto Presidente 'Pole Position' e com o piloto Prefeito 'Pit Stop'. Os representantes das três esferas do governo, juntos, em maio do ano passado, numa chicane providencial, assinaram um termo de compromisso para a construção do autódromo de Deodoro, ou eu deveria dizer, autódromo da Floresta de Camboatá.

Na ocasião, WW dizia que não havia nenhuma restrição para a construção do autódromo, pois, segundo ele, o meio ambiente seria favorecido, já que "teria mais gente cuidando do entorno". Isso é um deboche, considerando que o meio ambiente, que inclui cerca de 180.000 árvores de madeiras de lei em risco de extinção, cujo o entorno seria "melhor cuidado", simplesmente deixaria de existir.

Já o nosso 'pole position' afirmou, na mesma época, que, após o resultado das eleições de 2018, São Paulo, que tinha participação pública no empreendimento automobilístico, apresentava uma dívida enorme, tornando-se inviável sediar a F-1 por lá. Afinal, provar que a culpa da saída da F-1 de SP para o RJ teria sido do governo Haddad, seu grande adversário político, seria o melhor dos prêmios para o piloto Presidente.

Por fim, nosso piloto 'Pit Stop', além de seu fortíssimo projeto "PL-Puxadinho", candidato ao GP-Rio, concorre também na categoria "estou quebrado mas quero fazer obra". Com uma Prefeitura falida, vendendo quase o pico do Pão-de- Açúcar para arrecadar dinheiro, o digníssimo Prefeito ainda defende a sandice da construção desse autódromo, estimado em mais de R$ 850 milhões, que eu nem tenho coragem de imaginar de onde viriam tais recursos.

Acenem a bandeira branca - coloquem o 'safety car' na pista, por favor!

É importante que eu deixe claro que ter um autódromo na cidade do Rio de Janeiro é um empreendimento com grandes chances de trazer desenvolvimento sob vários pontos de vista, e eu não seria capaz de menosprezar. Entretanto, avivo as memórias dos esquecidos, que, há pouco tempo, destruímos nosso autódromo de Jacarepaguá, para a construção de um parque olímpico. Está ou não faltando PLANEJAMENTO nessa cidade?

Bem, dos três beligerantes projetos, dos três respectivos pilotos desGovernados, que pretendem implantar no nosso Rio de Janeiro, qual chegará primeiro para levar a bandeirada quadriculada da vitória, ainda não sabemos. Mas ficou claro, desde há muito, que os perdedores serão, com algumas voltas de desvantagem, a natureza e, consequentemente, a qualidade de vida dos cidadãos fluminenses.


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